Capítulo I
O Porco
Homens de valor enfrentaram noites frias, acordados nos mais diversos locais, em tocaias preparadas para agarrar o tal porco que comia, fazia tempo, as plantações de milho, amendoim, hortas...
"Seu" Isaac passou duas noites em cima de uma árvore, com a armadilha montada no chão, esperando a "besta" chegar, e nada.
"Seu" João Gomes fez uma "casamata" rústica, mas inteligente, disfarçada no pasto, do outro lado "da rua". E ficava lá, nas noites em que aguentava o tranco, pois "seu" João é homem idoso, com pele marcada de sol e tempo, com olhos sagazes e cheios de força.
O danado do porco, dizem, é preto como a noite e enorme, filho de javali com algum porco do mato. Tem a inteligencia de uma pessoa e não deixa dúvidas de que sabe que está sendo tocaiado.
Nada do porco ser pego.
Ivan e seu amigo, Cauã, resolvem ir atrás do porco, logo no dia seguinte á um de seus ataques, quando comeu a rocinha de milho de seu avô, "Seu" Isaac.
Marcaram a perseguição para a tarde do dia seguinte.. Levariam seus apetrechos de caçada, com certeza. Uma capa, para protege-los do sereno.
Um facão, peça obrigatória para quem vai entrar na mata.
Não daria mais ouvidos á irmã.
Cauã e ele já estavam atrasados e não vai ser nada bom perder os últimos raios de luz. Eles teriam que procurar as pistas com uma lanterna, item que ele não tinha.
Na roça aqui é costume o pai se ausentar dias, trabalhando em casas distantes, ás vezes no meio da Mata Atlântica, voltando só nos finais de semana. Locais ermos, onde celular não pega.E aí você já sabe, né?? Foguinho no chão..latinhas cheias de feijão..uma boa erva de fumar...e pronto...a saudades da família se aquieta e o sono chega.
O pai do Ivan estava longe, numa destas obras distantes. Gente com muita grana constrói seus lares no alto das montanhas, onde a vista tira o folego dos pulmões e escancara os olhos, que se abrem como a querer respirar pelos pulmões..rs
Por isso Vitória não gostou de saber que eles iriam sair, justo agora que a noite chegava...
"- A mãe não vai gostar!!".
Saem da casa correndo, levantando poeira.
Sobem a rua de terra, que vai dar na mata, lá em cima quase do morro.
Aí é andar pela mata, como foi feito tantas vezes...
Antes Ivan não sabia, mas agora sabe que este ambiente verde e fechado esconde seres que vivem há muito tempo escondidos, tentando manter a distância ideal para viverem em paz.
Ivan sabia que andavam sem serem ouvidos...
Viam sem serem vistos...
Elfos.
Mas eles estavam com pressa...iriam fazer algum barulho..o que não era nada mal se pensar que algum Elfo poderia segui-los e ajuda-los, de alguma forma.
Isso já aconteceu algumas vezes... Gildor Inglorion, por exemplo... apareceu "do nada", com sua patrulha armada. Tudo pode acontecer, meus amigos...tudo pode acontecer!!!
Subiram a montanha e, no alto, entraram nas terras do tio Isáia, (o nome dele era Isaías, mas não tem caboclo que fale o nome certo... vai Isáia mesmo!!!) e o pasto baixo revelava as pedras do Quaxindiba, onde subiram para ver melhor o "em torno".
Nenhum comentário:
Postar um comentário